Em muitas vezes o problema não está na ausência de metas, mas na lógica equivocada das metas. Você acredita que com metas individuais bem estabelecidas está alavancando os resultados e, na verdade, você está destruindo valor do negócio.
Tome um exemplo. Imagine que você dirige um time de futebol com espírito empresarial. Você quer vencer. Quer ganhar campeonatos porque esse é o objetivo maior de um time de futebol. E para isso, o time precisa vencer o maior número de partidas. Certo? Certo.
Então você cria um sistema de metas com distribuição de bônus. Como a maioria faz nas empresas. Para atacantes, a meta é óbvia: fazer gols. Certo? Quanto mais gols melhor para o time e maior o valor do bônus a ser pago aos atacantes. Para defensores, zagueiros e goleiro, o contrário: tomar o mínimo de gols possível. Quanto menor o número de gols sofridos, maior o bônus para esses profissionais.
Parece correto? A maioria diz que sim.
Agora coloque-se na posição de um atacante que está louco para cumprir a meta e embolsar o bônus. O que ele vai preferir na próxima partida: ganhar de 1x0 ou perder de 5x4?
E os defensores que são premiados pelo menor número de gols? Eles vão preferir ganhar de 5x4 ou perder de 1x0? O que você acha?
Parece lógico para você? Espero que não. Pois se atacantes e defensores fizerem a sua parte o time será um fracasso. Ou seja, são metas que destroem valor.
Se isso parece irracional para você num time de futebol, imagine numa empresa. Mas é exatamente assim a lógica de muitas organizações. Cada departamento luta pelo máximo de orçamento, de pessoas e de vantagens, não para obter o melhor para a empresa, mas para bater a sua meta. Cada área como um silo, medindo forças com as outras áreas, sem levar em conta a necessidade imperiosa do sucesso do conjunto.
É a lógica empresarial equivocada de criar vencedores gerando muitos perdedores pelo caminho. Uma cultura tóxica de uns contra os outros para ver quem é o melhor. A meritocracia se transforma no que os americanos chamam de Cultura PSN – a cultura do “proteja a sua nuca”.
Já viu casos assim?
Nas reuniões, o importante não é o melhor para a empresa, mas provar quem tem razão. E quando os líderes agem assim, não tem gestão de pessoas que resolva. É cultura que vira caráter empresarial. E, quando vira caráter, invariavelmente também vira destino.
Então muito cuidado com a lógica das metas. Elas são uma espécie de recado a todos sobre a coerência ou a incoerência que move a organização.
Por: Athur Bender
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