Os livros na estante, os pneus dos carros fazendo barulho na estrada enquanto chove, o solo da guitarra naquele rock clássico, as estrelas no céu, o pão na torradeira, até mesmo o clima de verão já chegou, veja só que dádiva!
O amor está no peito, o sorriso, nem sempre, só quando dá vontade. O coração permanece batendo no compasso, o preto e branco de certos dias, o brilho inconfundível de outros e as manhãs independentemente de qualquer coisa, carregadas de um ar não sei de quê, que nos encoraja sempre ao recomeço.
A ferrugem no fusca velho estacionado na esquina, o blues da sexta-feira, a manga arremangada na hora de preparar o rango, o esmalte vermelho pela metade nas unhas, o caos da cidade grande, a simplicidade do interior amado, o pôr do sol de cada dia em qualquer lugar do mundo, em resumo: tudo em seu devido lugar e ordem, e supostamente, nada faltando.
O que nos falta é cessar com essa nossa mania de achar que alguma coisa sempre está faltando, de desconfiar que alguma coisa está errada quando tudo caminha silenciosamente bem, de não aceitar a neutralidade dos dias, dos sentimentos, das pessoas, da tristeza, da alegria, porque tudo conta, tudo é válido, tudo é como é por sua lei natural e cada uma destas coisas acontecem, com ou sem nossa percepção, e sempre irão acontecer, sendo assim, inquestionavelmente nota-se que aprender a conviver com elas é o mais indicado. Mas sobre o que nos falta, posso citar algumas linhas: a humildade para compreendermos e aceitarmos que certas situações, alias, muitas delas, fogem do nosso comando, não dependem exclusivamente de nós, mas que fazer nossa parte e manter a mente tranquila a respeito dessa verdade é inevitável.
Falta-nos a compreensão de que o rio flui, e nós também.
Falta-nos a percepção de que somos parte de um todo e que esse todo é um complexo e intenso fluxo que circunda cada um de nós independente da nossa crença sobre ele ou não.
Sobretudo, de todas essas coisas que nos faltam, outras mil presentes em nós nos compensam, porque o amor sempre é maior, e o que seriam nossas atitudes se não amor? Erramos na tentativa de acertar, perdoamos a nós e a outrem por no fundo acreditarmos na boa intenção e no bom senso. Proporcionamos novas chances para os deslizes nossos de cada dia, para os vexames alheios, porque sabemos que visivelmente ou não, somos todos amor e nada mais.
Concluo com um pequeno detalhe que nos falta: compreender que nada nos falta. Entender que felicidade não é algo que chega, que vem, que aparece. Não é uma recompensa, não é uma meta de vida. Felicidade está sempre aqui, nasceu no mesmo dia e hora que você, habita teu corpo desde o teu primeiro momento neste mundo, bem como o amor.
Mas não espere que ela grite, cause cena e faça constante barulho de euforia, porque a felicidade, bem como o amor, é faísca, e faísca não faz barulho.
Por: Viver Bem
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