Toda vez que eu brinco de dizer “TBC” – tirar a bunda da cadeira –, a ideia que eu quero passar é de sempre partir para a ação, mexer, correr atrás e empenhar energia para ter resultados e avanços na carreira e na vida.
Eu percebo muitas pessoas com essa postura, mas também observo uma diferença em alguns casos. Sabe a história de fazer para ver se vai dar certo? Então, TBC não é isso. É fazer até dar certo.
Esses dias me peguei refletindo sobre isso, depois de uma situação com um jovem talentoso que trabalha em minha equipe. Apesar do talento, ele comentava que “tentaria fazer para ver se daria certo”.
Senti uma postura reticente da parte dele, como se a tarefa que deveríamos fazer fosse apenas uma questão de tentativa.
E, muitas vezes, para mudarmos o patamar das coisas, precisamos acreditar que é possível, mesmo sem saber.
“Fazer para ver se vai dar certo” e “fazer até dar certo” são duas questões que podem ter uma diferença até sutil, mas o ponto-chave que as diferencia depende da atitude de não desistir nos obstáculos.
Essa característica de “acreditar, mesmo sem saber” é muito comum em empreendedores, que desenvolvem mudanças de que, muitas vezes, as pessoas vão duvidar no começo.
Por outro lado, existe muita gente talentosa e inteligente que não realiza mais porque para nas primeiras objeções.
A tal resiliência
Resiliência é uma das palavras mais significativas do mundo corporativo – e em meio às dificuldades da vida pessoal também, claro. Insisto muito para não pararmos no primeiro tapa na cara.
Isso faz total diferença no processo de amadurecimento profissional e pessoal. Devemos escolher nossas lutas e seguir no enfrentamento a elas. Mas por que algumas pessoas não seguem em frente?
Será uma questão de diferença de gerações? Não sei, mesmo porque temos que levar em consideração as limitações de cada um. Cada pessoa tem sua realidade, dificuldades e ambiente.
Porém, ainda que com limitações e desigualdades sociais e de oportunidades, hoje em dia temos grande abundância de opções. É um mundo infinitamente conectado, repleto de possibilidades, fontes de informação, estudo e aprendizado.
Assim, quando um jovem, no processo de construir sua carreira, se depara com obstáculos da profissão, tem possivelmente mais chance de procurar outro estágio, outro emprego etc.
O problema que enxergo aqui é quando, diante de uma oportunidade de desenvolvimento, a pessoa não a vê como tal, mas como algo que pode ser descartado.
É como sair de uma função que “levou com a barriga” para outra que provavelmente vai tocar com a mesma falta de motivação pessoal para crescer.
Comprometimento com as oportunidades
Mais uma vez, não estou dizendo, de maneira alguma, que as oportunidades são infinitas para todos ou que seja fácil. Pelo contrário. Enfrentamos dificuldades sociais, econômicas e de mercado, que limitam realmente a oferta e as chances de trabalho em muitas áreas.
Mas o outro lado disso mora justamente na falta de resiliência.
Se eu não me comprometo em persistir para fazer dar certo e desisto enquanto ainda não deu certo, como fica a minha relação com as dificuldades?
Assim, observo muito essa facilidade de abrir mão, já que “nem gostava tanto assim do trabalho”. Tenho refletido que isso pode ter sido diferente em outras gerações que enfrentaram mais restrição de oportunidades.
Os jovens de antes foram obrigados a persistir mais antes de desistir. Será falta de sonhos e mais foco na praticidade? As discussões sobre as diferenças de gerações são muito amplas, com muitas características diferentes entre elas. Podemos aprofundar em outros conteúdos.
Vida melhor requer esforço
O ponto que quero chegar é sobre o sentimento de conquista com base no próprio esforço.
Será que essa troca de estágio, de emprego, essa falta de persistência diante de uma barreira não têm a ver com algumas facilidades demais?
De novo, reconheço que as realidades socioeconômicas são muito diferentes em nosso país. Mas e a parcela que, mesmo com uma oportunidade em mãos, não se esforça e se sente sempre numa mesmice, numa vida estagnada?
Vejo alguns jovens conversando muito sobre almejar uma vida diferente, cheia de sucesso, da mesma forma que os vejo pouco dispostos a sacrificar algo para seguir nesse caminho.
A juventude é simplesmente maravilhosa para dar um gás, para dar um caminho fantástico para a vida. É um período de muita energia e capacidade de aprendizado.
Ainda que muitas realidades sejam diferentes, existe uma parcela de jovens que não reconhece o quanto a resiliência de hoje será decisiva para o futuro.
Não é teimosia, é persistência
Estava lendo alguns artigos sobre gerações frustradas e, realmente, dá para entender que fazer um investimento alto, como de estudo, e não ver resultados imediatos, desencoraja a luta. É como se não valesse a pena correr atrás. Realmente, é frustrante vivenciar tal desilusão.
Mas se com esforço a vida já pode ser bem difícil, imagina sem?
Todos nós temos qualidades inestimáveis, e as pessoas que conseguem lidar melhor com o autoconhecimento vão conseguir entender quando a desistência é autossabotagem ou quando é vitimismo.
Minha avó dizia que “dar murro em ponta de faca é burrice”, e eu concordo com ela. Não estou dizendo que “o certo” é manter uma teimosia infinita, mas “desistir sem tentar realmente” não deveria estar na prateleira de opções do jovem, como muitas vezes está.
Imaginar o futuro ajuda as ações do presente
O que tenho tentado falar muito com os jovens é para se imaginarem daqui a 5 anos. Se imaginar no mesmo lugar, muitas vezes pode ser um baque. Porém, para sair desse “lugar” tem que fazer algo. Fazendo a mesma coisa, sabemos que nada mudará.
Ninguém vai cuidar de nossa carreira por nós mesmos. Temos que ser protagonistas.
Para melhorar, tem que dedicar muito, tem que deixar para trás excessos, tem que ter mais disciplina.
E nem todo mundo está disposto a se dedicar DE VERDADE, embora alguns falem até para si mesmos que sim.
É um conflito grande que muitos vivem, pois querem curtir a idade, querem encontrar um emprego dos sonhos ou até mesmo empreender. É nesse ponto que a energia que mencionei antes vai ajudar em tudo isso.
Com disciplina, dá para levar um presente com satisfação e, da mesma forma, se preparar para um grande futuro. Mas tem de ralar. Tem que fazer por onde.
Obrigações fazem parte de uma vida equilibrada e, por mais chato que seja ter que desempenhar certas atividades, elas fazem parte da jornada de uma carreira de sucesso.
Cuidado com os “gurus de propósito”
Vejo muitos gurus aí falando para os jovens encontrarem seu propósito, fazer apenas o que gostam, pois, assim, nem vão sentir que estão trabalhando. Para mim, é baboseira falar isso para um jovem.
É ótimo ter autoconhecimento e entender o que nos motiva e nos faz seguir adiante, qual é o nosso propósito, onde podemos fazer melhor. Mas achar que, desde o começo, tudo vai ser flores?!
Desculpe, eu aqui, com meus poucos cabelos brancos, não conheço amigos ou colegas realizados profissionalmente que não tiveram que ralar bastante e exercer funções e tarefas de que não gostavam muito.
Mas assim foram mantendo o foco que era um meio para terem condições de se manterem, de se prepararem e, pouco a pouco, se dedicarem mais ao que gostariam e com maior alinhamento aos seus propósitos.
Assim, o propósito é importante, mas não se diminua por ter que trabalhar em funções que não são o seu sonho para se sustentar, para dar um passo para melhorar, para ter condições de se desenvolver. Foco em seu objetivo lá na frente!
Como dizemos sempre: tira a bunda da cadeira, vai lá e faz!
Por: Marcelo Miranda
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