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Comportamento.



Publicado em: 21/10/2022

Se você já acordou decidido a dar um basta na rolagem infinita das redes sociais e focar em uma tarefa importante, aposto que já tentou seguir pelo menos uma destas dicas: desativar as notificações dos aplicativos, usar apps de produtividade que bloqueiam o acesso às redes sociais e deixar o celular bem longe do alcance dos olhos. Aposto, também, que nada disso funcionou por muito tempo.

Para Amishi P. Jha, professora de psicologia da Universidade de Miami e autora de Sagaz, essas técnicas não darão certo mesmo que você reúna toda motivação do mundo. É que, segundo ela, vício em tecnologia é só um sintoma da falta de foco, não a causa dela. A falta de foco, aliás, já aborrece a humanidade muito antes de Mark Zuckerberg e Larry Page decidirem capitalizar em cima dela : há registros de 420 d.C. que mostram monges medievais preocupados por não conseguirem manter seus pensamentos em Deus tanto quanto gostariam.

Entre nós e os monges, o que muda é que, agora, o fluxo de informações e atividades distratoras aumentou exponencialmente.

Nosso cérebro não consegue vencer a luta contra esses estímulos. Mas, segundo Amishi, ele pode ser treinado para funcionar fora da lógica da economia da informação.

A autora pesquisa mindfulness, técnica de meditação budista que treina a mente para prestar 100% de atenção no que está acontecendo ali no momento.
De acordo com ela, esse foi o único método eficaz para o fortalecimento da atenção encontrado ao longo de seus estudos, que pretendem dar uma visão neurocientífica das práticas milenares de meditação. No trecho a seguir, ela explica os primeiros passos para aumentar a capacidade de concentração.

Capítulo 4 – ENCONTRE O SEU FOCO: Em um mundo de distrações, mantenha sua “lanterna” onde você precisar
(…) Às vezes, você tem de ser capaz de agarrar a lanterna da sua atenção, apontá-la e segurá-la onde precisar. Outras vezes, seu foco pode vaguear, esvoaçar, ocasionalmente pegar algo na paisagem ou em sua paisagem mental. De qualquer forma, sua lanterna é afetada, e isso é algo sobre o qual a maioria de nós não tem muita consciência ou capacidade de controlar… até agora.

Sua lanterna representa a capacidade de selecionar uma fração de informações a partir de tudo o que existe.
Quando digo focar, significa que a informação que você selecionou, seja qual for, está sendo mais bem processada e é de melhor qualidade do que todo o resto em torno dela. (…)

Quando a atenção é direcionada para algo, seja um lugar, uma pessoa ou um objeto, os neurônios que a codificam ganham temporariamente influência sobre a atividade do cérebro.

Focar alguma coisa aumenta sua “claridade” e escurece informações que são irrelevantes para nossos objetivos correntes. Sem essa capacidade, ficaríamos, com frequência, congelados, confusos e oprimido...

Raramente percebemos como nossa atenção muda de forma, de estreita para ampla, dependendo das circunstâncias e das demandas do ambiente.

Mas aposto que você percebe sim quando sua lanterna não está onde você quer — os momentos em que precisa se concentrar em algo importante, mas luta para permanecer na tarefa. Podem ser outros pensamentos, emoções fortes ou preocupações pessoais que estejam atraindo você. Por um detalhe irônico, a pressão e o estresse de ter que se concentrar em uma tarefa ou demanda podem ser a causa de sua distração.

Quando isso acontece, você pode tentar se acalmar ou se distrair de maneiras improdutivas, navegando e clicando mentalmente sem nenhum sentido, por assim dizer, afastando-se ainda mais da realização de sua tarefa.

Se você já teve de lutar para recuperar o foco, você não está sozinho. Uma pesquisa recente sobre o uso de mídias sociais no local de trabalho constatou que, embora possa oferecer uma “pausa mental”, para 56% dos funcionários ela os distrai do trabalho que precisam fazer.

Quantas vezes por dia você olha para cima percebendo que sua mente está em qualquer lugar, menos no trabalho bem à sua frente? Pode ser incrivelmente frustrante — você sabe que existem consequências reais por perder o foco (um prazo vencido, um carro se aproximando que você não percebe, ou algo pior) e, ainda assim, você simplesmente não consegue mantê-lo no que é preciso.

(…)

Por: Você S/A



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