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Comportamento.



Publicado em: 24/01/2022

Seguir em frente sem ter resolvido nossos nós emocionais e feridas vitais não é uma boa opção. Devemos ser capazes de transitar nesses mundos internos para dar forma a uma versão melhor de nós mesmos.

Conseguir seguir em frente sem olhar para trás nem sempre é fácil. 
Não quando a tristeza pesa em excesso e arrastamos conosco a dor de tantas batalhas e feridas. Às vezes, é necessário parar no caminho para curar, nos recompormos e até mesmo nos reinventarmos. Somente quando tivermos moldado uma nova e melhor versão de nós mesmos estaremos prontos para continuar.

Assim, podemos equiparar a vida a um tecido bordado de começos e fins. São dois lados da mesma moeda, estão cheios de emoções conflitantes que nem sempre sabemos como enfrentar, de medos e ansiedades aguçadas que pesam no aparecimento de novas oportunidades. Fazê-lo da melhor maneira determina definitivamente a integridade e a qualidade de tudo aquilo que pode vir depois.
Especialistas no assunto, como Denise Beike, da Universidade de Arkansas, destacam que no nosso ciclo de vida, mais do que o impacto que podem ter vários atos de gravidade variável que vivemos, está a maneira como os enfrentamos. Portanto, é importante ter uma visão clara e objetiva de determinados aspectos.

É muito comum, por exemplo, que depois de passar por um momento ruim alguém nos diga: “você precisa seguir em frente”. No entanto, como fazer isso quando há tantos pesos emocionais e angústias dentro de nós? Estamos certos de que devemos olhar para a frente, mas nem sempre é fácil gerar esse progresso, esse avanço real.
Porque a dor tem raízes profundas e não podemos arrancá-las de modo a passarmos para outro espaço, para outro lugar começando tudo do início. Devemos ser capazes de reparar e transformar para criar algo novo com base no que somos, no que vivemos e no que aprendemos. Esse processo pode levar tempo, mas depois disso, nos daremos a oportunidade de recomeçar da melhor maneira.

Você não vai conseguir seguir em frente com excesso de bagagem

Podemos fazer isso. Podemos olhar para o horizonte, colocar um pé na frente do outro e seguir adiante como se fosse simples. É até possível dar ao tempo toda a responsabilidade em termos de cura emocional. Acreditar que, ao arrancar páginas do calendário, também estaremos arrancando as tristezas e as lembranças. No entanto, chegará um dia em que nos daremos conta de que nada disso funcionou.
Albert Ellis, um renomado psicoterapeuta cognitivo, lembra que as pessoas, muitas vezes, se deixam levar por determinadas crenças sem pesar outras alternativas. Essas crenças constituem o que ele chamava de “ideias irracionais”, que nos colocam em estados pessoais insalubres e até mesmo problemáticos.

Assim, sempre que somos obrigados a dar forma a algum tipo de transição ou a enfrentar um momento muito difícil, é essencial que reflitamos sobre as seguintes dimensões.
Avançar emocionalmente
Avançar não é o mesmo que seguir em frente. É comum, por exemplo, que muitas pessoas recorram a uma terapia psicológica em busca de ajuda porque insistiram em seguir em frente depois de sofrer uma separação ou a perda de um ente querido, esquecendo um aspecto antes: o luto.

É necessário integrar em nosso registro pessoal um termo muito básico: avançar. O que esta palavra implica é o seguinte:

• Avançar significa não ficar preso no mesmo lugar.
• Avançar implica entender que devo definir uma nova estratégia de vida.
• Gerar um avanço requer começar do próprio interior (sem fugir).
• É dizer para mim mesmo que tenho que aceitar o que sinto, entendê-lo, lidar com ele, curá-lo e me permitir uma nova oportunidade. Desta forma, “progredimos” emocional e psicologicamente.
• Além disso, devemos estar atentos a um detalhe: a tristeza ou a dor de uma perda não desaparece. Ninguém pode apagar esse tipo de sentimento. Precisamos criar um espaço em nosso interior e aprender a viver com ele.
As transições levam tempo

Como revelado por um estudo realizado pelo Dr. Mark A. Thornton, da Universidade de Cornell, toda mudança envolve uma série de emoções com as quais devemos saber lidar. Direcionar a cabeça e o coração a esses estados para seguir adiante muitas vezes envolve o risco de desenvolver algum tipo de distúrbio psicológico, como a depressão.
Devemos ser capazes de lamentar a tristeza, de canalizar a raiva e a frustração, de ficarmos quietos diante da decepção para nos livrarmos de tudo isso e tirarmos um aprendizado.

Começar de novo com uma versão mais forte

As pessoas não mudam, elas avançam. O ser humano se transforma quantas vezes forem necessárias, não por capricho, nem por prazer, mas para enfrentar a adversidade e se erguer como um ser mais resistente, habilidoso e preparado.

Somos conscientes de que conseguir seguir em frente é a única opção vital que temos, pois a oposta é ficarmos presos. No entanto, façamos da melhor maneira: sem fugir de nós mesmos e desse interior que, como um quarto bagunçado e escuro, requer nossa atenção, requer ordem, oxigênio e mudança.
Vamos, portanto, nos permitir recomeçar em nossos caminhos pessoais com uma versão atualizada, forte e esperançosa. Como Charlotte Brontë disse uma vez, paremos de evocar o passado: o presente é mais seguro e o futuro ainda mais brilhante.

Por: A Mente é Maravilhosa


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