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Vida saudável



Publicado em: 15/09/2019

Poucas vezes paramos para contemplar o colorido do prato, e menos ainda se gostamos dos alimentos que vemos nele (a comida entra pelos olhos).

Porém, talvez não seja uma má ideia parar para fazer isso, à luz de uma recente pesquisa da Universidade Rush e do Centro de Pesquisa em Nutrição Humana Tufts, ambos de Boston, cujo objeto de estudo foi a cor verde de certos alimentos. Segundo o trabalho, publicado na revista Neurology, comer legumes e saladas não é apenas uma escolha de interesse nutricional, mas pode ajudar a preservar a memória e as habilidades mentais.

Durante cinco anos, os cientistas estudaram a rotina de 960 adultos —com média de idade de 91 anos— para buscar a relação entre o consumo de vegetais de folhas verdes e os resultados de testes cognitivos. A conclusão foi que acrescentar à dieta uma porção diária de vegetais dessa cor pode ajudar a deter a perda da memória.

Não é o verde em si que faz das hortaliças uma opção saudável, mas as substâncias presentes nos alimentos com esse tom. “Não podemos determinar a composição nutricional de uma fruta ou hortaliça apenas pela cor”, esclarece Manuel Moñino, presidente do comitê científico da Associação para a Promoção de Frutas, Verduras e Hortaliças ‘5 por dia’.

O que se sabe, acrescenta, é que é a predominância de compostos fitoquímicos responsáveis pela cor também carregam benefício s para a saúde. Embora não haja declarações autorizadas pela Autoridade Europeia de Segurança Alimentar sobre as propriedades desses elementos, descobrir o que a gama cromática das frutas e verduras significa pode nos ajudar a conhecer alguns de seus benefícios nutricionais.

O nutricionista lembra que não existem alimentos e nem cores mágicas, por isso não adianta confiar apenas no colorido para escolher o cardápio, mas também está claro que quanto mais variada for a cor do prato, melhor.


Verde para uma visão duradoura

O kiwi, a alcachofra, a acelga, o espinafre e a alface são algumas das frutas e verduras verdes que devem sua cor característica à clorofila e costumam ser alimentos ricos em luteína, um poderoso antioxidante associado à redução do risco da degeneração macular, uma patologia que reduz a capacidade visual.

Além disso, os vegetais verdes geralmente são ricos em vitamina K, fibras, magnésio e ácido fólico, essenciais em processos vitais como a gestação.

Embora sempre devam estar presentes em nossa alimentação, devemos ter em mente que nem tudo que é ‘verde’ é igual, nem a cor é excludente. Por exemplo, os alimentos da família dos crucíferos, como brócolis e couve de Bruxelas, contêm substâncias como os glucosinolatos (relacionados com um potencial efeito protetor contra o câncer), característica que compartilham com a couve-flor, sua “prima” de cor branca.

A saúde cardiovascular do branco da cebola e do alho

Nesta gama de cores estão o alho, a cebola, o rabanete e o alho-poró. Segundo Moñino, esses alimentos geralmente fornecem fitoquímicos, como os indóis, que podem influenciar o processo de proliferação celular, que está relacionado ao desenvolvimento de tumores. Além disso, alguns ingredientes, como o alho e a cebola, contêm alicina e quercetina, substâncias sulfurosas que lhes conferem, além de seu aroma característico, propriedades que podem melhorar a saúde cardiovascular.

Laranjas e amarelos, uma pista para a vitamina A

Existe uma crença popular de que as cenouras são boas para a visão e isso, em parte, é verdade. “O alimento em si não é benéfico para a saúde visual, mas sim o betacaroteno, o pigmento que dá cor aos alimentos de tonalidade alaranjada, como abóboras, mangas e laranjas, que o nosso organismo transforma em vitamina A”, enfatiza o especialista. Entre os benefícios potenciais da vitamina A também se destaca o de contribuir para a manutenção da pele em condições normais e para o fortalecimento do sistema imunológico.

Vermelho licopeno, com tons de antioxidante

É uma das cores mais chamativas da paleta cromática e uma das mais sugestivas, também na nossa cesta de compras. O licopeno –um tipo de carotenoide– é responsável por esses tons vivos nas frutas e verduras e também é um fitoquímico que foi objeto de estudo por suas qualidades antioxidantes. Moñino explica que algumas das pesquisas mais recentes indicam que poderia proteger nosso sistema cardiovascular e desempenhar um papel protetor contra vários tipos de câncer.

Morangos, melancias, pimentões, tomates... além de compartilharem a cor, geralmente se caracterizam por serem ricos em vitamina C.

Violeta, uma cor de mulher?

Uvas, ameixas, repolho roxo, mirtilos e amoras devem sua cor a um pigmento chamado antocianina, um fitoquímico com efeitos antioxidantes que pode ser bom na prevenção de problemas cardiovasculares. De fato, um estudo da Universidade de East Anglia, no Reino Unido, determinou que, nas mulheres, um alto consumo desses alimentos pode diminuir o risco de infarto do miocárdio.


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