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Vida saudável



Publicado em: 16/01/2017

Há períodos em que custamos a pegar no sono, acendemos no meio da noite ou acordamos cedo demais. Mas quando o problema se torna crônico, os efeitos sobre a saúde das noites em claro se agravam, refletindo-se numa queda da concentração e da qualidade de vida e do trabalho.

Paralelamente, há um aumento do risco de depressão, ansiedade e outros tipos de transtornos psicológicos. Mas a partir de que momento a insônia transitória se torna crônica?

Juan José Ortega, neurofisiologista clínico, diretor da Unidade de Sono do Hospital Geral de Castellón (Espanha) e vice-presidente da Sociedade Espanhola do Sono (SES), conta ao EL PAÍS quais tipos de insônia existem e suas causas mais comuns. E quando convém consultar um especialista.

Quantas horas você dorme?

O aspecto quantitativo é importante, mas não definitivo. A média de horas de sono na população espanhola é de 7,1 horas por dia, mas cada pessoa tem suas próprias necessidades, que além disso vão mudando conforme a idade. “Tem gente que precisa de oito ou nove horas, e outros que só dormem cinco. Se quem dorme pouco se sentir bem no dia seguinte, então não é insônia”, esclarece Ortega. Outra coisa é se as horas habituais de sono diminuírem repentinamente de forma drástica.

Você acorda cansado?

O normal é que a inércia do sono, essa fase em que já nos levantamos, mas ainda estamos sonolentos, dure 10 ou 15 minutos, o que se demora para entrar no banho. Quem acorda se sentindo quase tão cansado quanto foi dormir tem razões para suspeitar de que sofre de insônia ou de algum transtorno do sono, mesmo se tiver dormido nove horas.

Você tem certeza de que dormiu mal?

Existe também o que os especialistas em medicina do sono chamam de insônia paradoxal, que na verdade é uma má percepção do paciente. “Há pessoas que na verdade dormem bem e funcionam perfeitamente durante o dia, mas acordam algumas vezes durante a noite e acreditam que dormem mal”, explica o neurofisiologista.

Há alguma causa médica que o impede de dormir? Você pode ter uma insônia secundária quando a falta de descanso é sintoma ou efeito secundário de algum outro problema — desde uma dor no joelho até uma infecção, passando por transtornos psicológicos como a ansiedade e a depressão.

Você acorda frequentemente durante a noite?

As causas podem ser várias, mas você pode estar sofrendo, como 4% a 6 % da população, de um dos transtornos do sono mais comuns: a apneia, pausas repetitivas na respiração que chegam a se repetir entre 40 e 60 vezes durante uma noite. “O cérebro não descansa bem, e ocorre um sono fragmentado, que causa cansaço e sonolência.

Além disso, é uma tempestade do ponto de vista cardiocirculatório, porque os vasos se fecham, causando uma redução da pressão arterial e da oxigenação.” Além do cansaço, outras pistas para identificar esse problema são despertar com dor de cabeça, com a boca seca e com dificuldade para engolir.

Há algo que lhe preocupa?

“Todo mundo já sofreu uma insônia aguda alguma vez”, afirma Ortega. Quando a impossibilidade de pegar no sono está ligada à incapacidade de relaxar, trata-se de uma insônia psicofisiológica. “Costuma ter um desencadeante pontual, de caráter emocional”, explica o especialista. Quando não dormir vira uma inquietação, a profecia se cumpre por si só — a pessoa de fato não dorme, correndo o risco de cair num círculo vicioso, pois no dia seguinte a pessoa estará cansada e preocupada em passar mais uma noite em claro.

Dormir mal de vez em quando não é muito preocupante, embora nosso cansaço aumente e a atenção decaia. O cérebro costuma cobrar o déficit de sono quando pode, afirma Ortega.

Quantas vezes isso acontece?

Se as noites ruins, quaisquer que sejam motivo, ocorrem mais de três vezes por semana durante vários meses, o paciente sofre de insônia crônica. Nesses casos, é preciso consultar um médico para “dar nome” ao problema, como diz Ortega, e poder tratá-lo. Nas unidades do sono como a que ele coordena existem especialistas de várias disciplinas — pneumologistas, cirurgiões maxilofaciais, psiquiatras, psicólogos, neurologistas etc. —, capazes de abordar o problema segundo suas causas.




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