“Ele não morde.” “O avião não vai cair.” “Calma, você não vai se afogar.” Quem sofre de transtornos de ansiedade generalizada está cansado de ouvir frases como essas. Se, por um lado, os que não têm o problema são incapazes de entender como um cachorrinho, um voo ou um banho de piscina podem despertar sensações desesperadoras, por outro, parece que não entra na cabeça das pessoas extremamente ansiosas que nada disso representa uma ameaça. Simplesmente dizer a elas que fiquem tranquilas porque não há nada a temer é ineficaz. Porque isso é exatamente o contrário do que seus cérebros estão alertando.
Ansiosos têm uma visão distorcida da realidade, percebendo diversas experiências normais como negativas. E, de acordo com uma pesquisa recente, não se trata somente de uma questão comportamental. Um experimento realizado no Instituto Weizmann de Ciência, em Israel, mostrou que o cérebro de quem sofre desse mal falha ao diferenciar estímulos estressantes daqueles neutros.
Embora esse seja apenas um dos componentes que formam o distúrbio, os pesquisadores acreditam que a descoberta poderá ajudar a desenvolver novos tratamentos para a ansiedade generalizada, mal que afeta praticamente todos os aspectos da vida dos pacientes.
O estado de alerta é uma importante ferramenta evolutiva. Sem medo, o homem se arriscaria mais do que o recomendado, expondo-se a perigos reais. Por isso, alguns pesquisadores sustentam que a origem das fobias teria raízes na ancestralidade humana. O medo de avião, por exemplo, viria da predisposição biológica de temer alturas e locais fechados.
Contudo, a maioria das pessoas sabe distinguir as ameaças verdadeiras das imaginárias. Já as que sofrem de ansiedade generalizada, um conjunto de fatores influenciaria esse comportamento temerário.
Acredita-se, por exemplo, que os genes tenham importante participação na fisiologia do distúrbio, pois atuam na regulação dos neurotransmissores, substâncias que influenciam o humor e o sono. Alguns estudos já mostraram que, nos ansiosos, as proteínas que regulam o glutamato funciona de maneira incorreta, produzindo-o em excesso. Dessa forma, o centro de alarme cerebral torna-se hiperativo.
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