Depois do protagonismo na organização da greve dos caminhoneiros em 2018 e no disparo de mensagens nas eleições presidenciais, o WhatsApp ganhou novo papel na pandemia do coronavírus: funcionar como balcão para o comércio de empresas de todos os portes. Instalado em mais de 90% dos celulares ativos no Brasil, o aplicativo virou canal de vendas.
O uso da plataforma aumentou 50% na crise de Covid-19, de acordo com pesquisa da consultoria Kantar em 30 países. No Brasil, foi o aplicativo que mais cresceu. O Facebook, dono do mensageiro, não abre dados sobre transações, só diz que há mais de 120 milhões de usuários no país.
Entre as grandes empresas, o caso emblemático é o da Via Varejo, dona de Pontofrio e Casas Bahia. A companhia pôs 9.000 funcionários para vender pelo WhatsApp em uma tática que mescla cruzamento de dados, baseado no histórico de compras, e comunicação direta e personalizada.
Todos os dias, empregados recebem uma lista com milhares de potenciais clientes filtrados por região. Eles sabem qual produto e quando o consumidor adquiriu.
“Viramos case global no Facebook porque ninguém havia usado a ferramenta nessa escala”, diz Marcelo Ubriaco, diretor de operações da companhia. Mais de 20% das vendas passam pelo mensageiro. Além disso, 47% dos clientes de WhatsApp só tinham feito compra em loja física antes da pandemia.
No Brasil, o custo por mensagem automatizada pró-ativa, feita pela pela interface de programação do WhatsApp Business, é de US$ 0,05 num pacote de 250 mil. Acima de 10 milhões, o preço é de US$ 0,02.
O app, entretanto, ganhou relevância especialmente nos pequenos negócios na base da pirâmide. A utilização para fins comerciais cresceu 22% nas classes C, D e E, segundo a Behup, startup de pesquisa sobre comportamento na internet. Para mercearias de bairro e padarias, a alta no uso mercadológico do app foi de 50%.
Em ruas comerciais, que tiveram de fechar as portas para deter o contágio, é comum ver placas com números de celulares para conseguir contato com os lojistas. Os vendedores, nas cidades que ainda não relaxaram o distanciamento, mantêm as portas entreabertas apenas para “entregas feitas por Zap”.
No interior de São Paulo, a centenária fazenda Atalaia, em Amparo, colocou o aplicativo no centro da estratégia para contornar a queda no turismo. Produtora de queijos, a fazenda recebia 200 pessoas por dia, interessadas nas mesas de cafés da manhã e da tarde bem servidas de quitutes caseiros.
A empresa hoje opta pela entrega de cestas de queijos e outros produtos artesanais.
“Os 30% de faturamento de antes foram superados. Criamos uma lista de produtos para oferecer, colocamos as opções em um formulário do Google e deixamos no nosso site, que é bem institucional. Só que as pessoas querem falar no WhatsApp, querem falar com uma pessoa, fazer videochamada, ver os produtos. Ativamos, então, o WhatsApp Business, mas as pessoas vêm mesmo para o meu WhatsApp”, afirma Suzana Cardoso, funcionária à frente da operação.
O que sua empresa está fazendo com esta opção de negócios?