Depois de se modernizar e passar por um ajuste patrimonial, trocando créditos podres por ativos mais líquidos e rentáveis, o Banco do Brasil se prepara para pulverizar seu capital. A proposta da instituição estatal é aumentar a parcela de suas ações em poder do público e ingressar no Novo Mercado, área nobre da Bovespa para empresas no nível mais alto de governança corporativa (respeito aos minoritários). O processo começa agora, com a oferta de 45 milhões de ações. Deste total, 20% serão destinados a pessoas físicas, que poderão apresentar suas ofertas a partir da segunda-feira 12. Analistas especializados em bancos são unânimes em recomendar a compra dos papéis como investimento de médio e longo prazos. Mas desencorajam aqueles que buscam ganhos rápidos. “No curto prazo, as ações não oferecem grandes oportunidades de ganho”, diz José Francisco Cataldo, chefe da equipe de análise da Real Corretora.
A previsão é de que o papel obtenha um ganho de aproximadamente 20% nos próximos seis meses, atingindo uma cotação de R$ 70 em dezembro. É uma perspectiva interessante, mas inferior à dos principais bancos privados. “A intenção do banco de adotar as melhores práticas de governança já foi absorvida pelo mercado e, portanto, não há espaço para uma alta maior da ação até o fim do ano”, avalia Gustavo Barbeito, analista da corretora Prosper. Embora o BB esteja melhorando sucessivamente seus resultados trimestrais e assumindo uma agilidade mais comum em bancos privados, Barbeito alerta para o fato de a instituição ser uma estatal. “Existe um risco político que não deve ser desprezado, principalmente em um ano eleitoral”, diz o analista. Ainda estão claros na memória os exemplos de governos utilizando bancos públicos para financiar políticas sociais ou demandas de seus partidos – algo que, definitivamente, não está nos planos dos acionistas. O próprio Banco do Brasil já foi, diversas vezes ao longo da sua história, alvo de manobras do gênero.
Por isso, o mercado aplaude a iniciativa do banco de aderir ao Novo Mercado. É uma forma de minimizar eventuais interferências políticas em sua gestão, preservando sua saúde financeira. Os investidores agradecem.