A senadora Heloísa Helena (Psol-AL) deverá ser o fiel da balança na disputa sucessória. Seu desempenho pode determinar se haverá ou não segundo turno na disputa. Ela, porém, tem recusado contribuições financeiras. Insiste no voto de pobreza para não manchar sua campanha. “A pequena e desinteressada contribuição de muitas mulheres e homens será suficiente”, diz ela. A seguir, sua entrevista à DINHEIRO.
DINHEIRO – Como a senhora vê as pesquisas que apontam vitória de Lula no primeiro turno?
HELOÍSA HELENA – Ele está todos os dias fazendo campanha eleitoral sob a máscara da publicidade oficial e da “inauguração” de obras, com locomoção, filmagens das cenas externas para seu programa, articulações políticas promíscuas de cargos e liberação de emendas. Tudo com dinheiro público. Assim é fácil, embora desprezível e criminoso.
DINHEIRO – É cedo para o PT comemorar?
HELOÍSA – A campanha eleitoral não começou. E mesmo que ela me dê 1 minuto de TV contra 10 minutos para cada um deles, teremos melhores possibilidades do que hoje para apresentar o nosso programa e ajudar o povo a ter esperança na construção de uma pátria soberana.
DINHEIRO – A senhora aparece com até 8%. O que explica isso?
HELOÍSA – O povo brasileiro não aceita ser propriedade do PT e do PSDB. Todos querem enfrentar os gigantes da vigarice política e do poderio econômico. Isso prova que muitas mulheres e homens espalhados pelo País não toleram o parasitismo dos cofres públicos e lutam pela democratização da riqueza, das políticas sociais e da terra.
DINHEIRO – Qual o plano para avançar?
HELOÍSA – Desmascarar a farsa técnica e a fraude política do neoliberalismo do PT e do PSDB. E também apresentar alternativas para mudar o Brasil na vida real, e não apenas na realidade demagógica governista dos inquilinos do Palácio do Planalto.
DINHEIRO – A senhora pretende propor mudanças na política econômica?
HELOÍSA – Sem dúvida. Vou defender um novo desenvolvimento que reviva o pacto federativo e potencialize um novo modelo tributário. Só assim vamos minimizar a brutal e avassaladora transferência de renda do favelado, do assalariado da classe média e do setor produtivo para o capital financeiro – os parasitas sem pátria do capital financeiro.
DINHEIRO – A campanha não está frágil?
HELOÍSA – Não. Estamos nos esforçando de forma inimaginável para apresentar o nosso projeto de desenvolvimento econômico e social em todos os Estados do País.
DINHEIRO – A escolha de César Benjamim para vice não confirma uma prioridade ao Rio de Janeiro?
HELOÍSA – A escolha do César é um tributo à memória dos militantes socialistas que perderam suas vidas, mas não se venderam para ser aceitos no convescote do capital.
DINHEIRO – Sua candidatura pode garantir um segundo turno. A senhora aceitaria ajuda tucana?
HELOÍSA – Não trilharemos os caminhos fáceis, promíscuos e viciados que sempre resultam nos balcões de negócios sujos que transformam o Estado na caixinha de objetos pessoais de gangues partidárias. Claro que temos gigantescas dificuldades econômicas, até porque só enriquece na política quem é ladrão.
DINHEIRO – E como financiar a campanha?
HELOÍSA – Receberemos de consciência limpa e de forma transparente as contribuições de pessoas físicas que se identificam com o nosso projeto.
DINHEIRO – Assim daria para pagar as despesas da propaganda política?
HELOÍSA – A pequena e desinteressada contribuição de muitas mulheres e homens que ensinam aos filhos que é proibido roubar e que não se contentam apenas com seus futuros brilhantes, enquanto os pobres são arrastados para o narcotráfico, com certeza será suficiente para uma campanha simples e vitoriosa.