Revista O Empresário / Número 126 · Dezembro de 2008
A inadimplência do cheque teve um repique em outubro, aponta o Indicador Serasa de Cheques sem Fundos. No mês passado, de cada mil cheques compensados, 20,1 foram devolvidos pela segunda vez por falta de fundos. Trata-se de um índice de calote do cheque 12,9% maior em relação ao mesmo período de 2007. Na comparação com setembro deste ano, a alta da inadimplência do cheque foi de 12,3%.
O calote se aproximou dos resultados de março, abril e maio. Nesses meses, geralmente a inadimplência aumenta por causa da sobrecarga das compras de fim de ano, que pesam no orçamento do consumidor no 2° trimestre.
Entre julho e setembro deste ano, por exemplo, de cada mil cheques compensados no País, 18,6 foram devolvidos por falta de fundos, índice acima do obtido no mesmo período de 2007, que havia sido de 18,2 cheques. Com os dados de outubro, no entanto, a média dos quatro meses do segundo semestre subiu neste ano para 19 cheques devolvidos para cada mil compensados e superou a marca do mesmo período do ano passado de 18,4 cheques.
O repique no índice de calote do cheque em outubro reflete o endividamente excessivo do consumidor ocorrido nos últimos meses, diante das facilidades de obter financiamentos.
O técnico da Serasa ressalta também que a elevação da alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), promovida pelo governo no primeiro semestre para frear o avanço do volume de crédito, acabou provocando uma retomada do uso do cheque pré-datado pelo comércio. Esse movimento possibilitou financiamentos com prazos mais longos do que os oferecidos pelo crediário tradicional e levou a um maior endividamento do consumidor, que agora resulta na alta da inadimplência. O que pode mudar o cenário da inadimplência no curtíssimo prazo é a destinação do 13° salário.
Se o consumidor usar esses recursos para pagar as dívidas, a inadimplência poderá ser atenuada.