Revista O Empresário / Número 124 · Outubro de 2008
Em tempos de juros altos e restrição ao crédito, os brasileiros tem se endividado como nunca no cheque especial.Dados do Banco Central mostram que em julho os que estouraram a conta precisaram usar nada menos que 20,7 bilhões do limite.Esse recorde – o mais caro do sistema financeiro – supera em R$12,8% o de um ano atrás.
O uso do cheque especial tem crescido gradativamente desde o fim do ano passado. Julho foi o primeiro mês na história em que a utilização superou os R$ 20 bilhões. Isso quer dizer que brasileiros tomaram emprestados R$ 28 milhões do cheque especial a cada hora de julho, ou R$ 8 mil tomados por segundo.
Em julho, cheque especial e cartão responderam, juntos, por cerca de 60% de todos os recursos tomados pelas famílias. A contratação de recursos mais baratos – como crédito consignado – tem caído.
Economistas afirmam que o fenômeno preocupa no médio prazo, já que indica endividamento acima do razoável no orçamento familiar, o que pode elevar a inadimplência.Quando retornarem às contas correntes, esses empréstimos terão de pagar, na média, 162,7% de juros ao ano. A taxa é mais alta entre todas as linha de crédito. Ela é proibitiva e há sinais de descontrole entre os clientes que tomaram empréstimos nos últimos meses á que, com o recente aumento dos gastos, o orçamento apertou e eles tiveram de usar as linha de créditos mais fáceis.
Entre os motivos que pressionaram o orçamento familiar, a inflação em alta ocupa o primeiro lugar. Com o aumento de preços de produtos básicos – alimentos e tarifas públicas – as famílias tem tido menos dinheiro para quitar débitos e apelam para o cheque especial.