Revista O Empresário / Número 94 · Fevereiro de 2006
Certo dia, um bezerro precisou atravessar uma floresta virgem para voltar a seu pasto. Sendo irracional, abriu uma trilha tortuosa, cheia de curvas, subindo e descendo colinas.
No dia seguinte, um cão que por ali passava, usou a mesma trilha. Depois foi a vez do carneiro, líder de um rebanho, que fez seus companheiros seguirem a mesma trilha torta.
Mais tarde, os homens começaram a usar esse caminho. Entravam e saíam, viravam à esquerda, à direita, abaixando-se, desviando-se de obstáculos, reclamando e praguejando, até com uma certa razão, mas nada faziam para melhorarem a trilha.
De tão usada, acabou virando uma estradinha onde os animais se cansavam sob pesadas cargas, sendo obrigados ao percurso de três ou quatro horas num trecho que facilmente seria vencido por uma a duas horas não fosse a trilha obra de um bezerro.
Assim, com o passar dos anos, a estradinha se tornou a rua principal de um vilarejo e, posteriormente, a avenida principal de uma cidade.
Mais tarde, a avenida transformou-se no centro de uma metrópole e por ela passaram a transitar milhares de pessoas, veículos variados, seguindo o mesmo desenho torto, com curvas mal feitas, que o bezerro havia feito há anos e anos.
Os homens tendem a seguir como cegos pelas trilhas de bezerro de suas mentes e se esforçam para repetir de sol a sol as mesmas coisas que outros tantos já fizeram.
A velha e sábia floresta ria das pessoas que percorriam aquela trilha, como se fosse um caminho único, sem se atreverem a mudá-lo.