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Comportamento.



Publicado em: 27/01/2018

Nem bater na madeira nem cruzar os dedos funciona. Se você quer ter mais sorte, a ciência descobriu o caminho.

Pelo menos essa é a conclusão do professor Richard Wiseman, da Universidade de Hertfordshire no Reino Unido. Sua pesquisa começou com uma pergunta simples: como é possível que algumas pessoas estejam no lugar certo no melhor momento para que lhes aconteçam coisas positivas enquanto outras parecem arrastar a má sorte consigo?

Como bom cientista social, Wiseman realizou vários experimentos para encontrar a resposta.

Pediu a um grupo de voluntários que se classificassem de acordo com seu nível de sorte e que participassem de diversos testes. Um deles era um experimento muito simples: tinham de contar quantas imagens viam em um jornal. No meio do jornal, e sem que os participantes soubessem a priori, havia uma mensagem fácil de ler que dizia: “Diga ao pesquisador que viu isto e ganhe 250 libras”.

As pessoas que consideravam que tinham sorte, paravam de contar e liam em voz alta a mensagem do jornal para receber o dinheiro. Fácil assim. Entretanto, aquelas que previamente não se consideravam sortudas, ficavam tensas e inclusive chegavam a não dizer nada. Aquele resultado inspirou a ideia central da sua pesquisa: a sorte é uma questão de atitude.

“A maioria das pessoas simplesmente não está aberta ao que as rodeia”, diz Wiseman. Além disso, ele acredita que só 10% de nossa existência é aleatória, os 90% restantes são definidos por nossa maneira de encarar o que não acontece. Portanto, são boas notícias. Se quisermos ter mais sorte, temos de começar a partir de nós mesmos, pensando de um modo mais amável.


Assim, vejamos as quatro chaves que Wiseman nos sugere para nos sentir mais sortudos (e atenção, sorte é diferente de acaso; acaso seria ganhar na loteria, algo em que nossa única margem de manobra é fazer uma aposta. A sorte é um conceito muito mais amplo):

Primeiro, esteja aberto a novas experiências. Se você quer ter o controle de tudo nos mínimos detalhes, vai perder coisas que estão fora do seu foco inicial e que podem ser muito positivas. Viver de um modo mais relaxado é bom não só para a saúde, mas também para a sorte.

Segundo, identifique suas intuições e preste mais atenção a elas. Em nosso sistema digestivo há mais de 100 milhões de neurônios que nos dão pistas sobre o que não vemos a priori de forma consciente e que nos fornecem informações importantes para tomarmos decisões acertadas.

Terceiro, acredite que o que pode acontecer é positivo. Claro que é uma interpretação, mas ajuda. Sabemos que se vive melhor confiando do que estando sempre no defensiva. E parece que deste modo também se treina a sorte.

E quarto, transforme as experiências ruins em positivas. Aprender com os erros de forma otimista ou imaginar que poderia ter sido muito pior nos alivia e nos faz relativizar os deslizes.

Como vemos, a sorte é uma percepção, depende do que fazemos e de como nos narramos o que nos acontece. Por isso, é possível treiná-la, como sugeriam Fernando Trías de Bes e Alex Rovira em seu livro La Buena Suerte, e como fizeram os alunos da Escola da Sorte que Wiseman inaugurou no Reino Unido. Escreveram um livro sobre tudo de bom que estava acontecendo com eles e, depois de algum tempo, sentiram-se muito mais sortudos. Assim, já que é uma questão de atitude, o que você está disposto a fazer hoje para melhorar sua sorte?


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