Você com certeza já ouviu falar que ficar sentado o dia todo não faz nada bem para a saúde. Para solucionar o problema, alguns escritórios (principalmente aqueles mais alinhados à nova era do espaço de trabalho) aderiram a mesas altas nas quais se pode trabalhar de pé.
O problema, segundo um pesquisador, é que essa moda está longe de ser uma solução. Manter o corpo bem é, na verdade, uma questão de se movimentar durante o dia inteiro.
A questão é esclarecida pelo endocrinologista James Levine em entrevista a um artigo publicado no The Guardian. Há alguns anos, Levine foi responsável por algumas das principais pesquisas sobre os efeitos negativos de passar o dia todo sentado em frente a uma mesa - como prejuízos aos músculos da perna e até o aumento da pressão sanguínia.
Quem passa longos períodos parado sobre os pés, segundo ele, não está fazendo nada além de criar um novo hábito ruim. "Não é o mobiliário que faz a diferença, é o comportamento", diz o pesquisador. A solução real está, na verdade, em simplesmente não passar horas parado. "Isso é especialmente verdadeiro se, como eu, você se exercita vigorosamente a cada dia e, portanto, se considera saudável. Pesquisadores quebraram essa ideia", diz o autor do artigo.
Colocar isso em prática pode não ser tão fácil. Um experimento realizado por Levine, por exemplo, propôs que os voluntários se movimentassem com certa frequência durante o dia. Com as cobranças, eles registraram um pico de estresse nos primeiros dias. Eventualmente, porém, o estresse diminuiu e deu lugar a um aumento de 15% na produtividade.
Criar o hábito também pode se tornar difícil por vergonha dos colegas, que podem estranhar o "excesso" de movimentação durante o dia. A solução encontrada pelo autor, que se propôs a mudar sua rotina, foi adotar o hábito de forma furtiva. Isso inclui, por exemplo, ir até o local mais distante para pegar água, usar a impressora de outro andar ou mesmo andar pelo escritório segurando alguma papelada. Para lembrar disso, ele também passou a usar aplicativos que emitem alertas com uma frequência definida.
"Estou mais feliz? Menos estressado? Mais produtivo?
Qualquer conclusão que tirei do meu experimento seria baseada em evidências anedóticas, o inimigo da pesquisa real", escreve o autor. "Mas aqui está o que é certo: se eu continuar a ter uma ou duas horas extras de movimento por dia, serei significativamente mais saudável a longo prazo."