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Publicado em: 30/11/2018

Em 2015, a Tecverde crescia em um ritmo acelerado, contratando muita gente e conquistando bons clientes. Mas faltava encontrarmos um ponto de equilíbrio.

Ele era alto, de feição tranquila, calça jeans e camisa xadrez com um bolso na frente. Dentro do bolso havia uma caneta e aparentemente um maço de cigarros. Carregava em uma das mãos uma mochila já meio surrada e na outra um celular. Entrou em nossa sala de treinamento e ficou em silêncio até que todos se acalmassem.

Então se apresentou:

— Meu nome é Anderson e vou ministrar o curso de inteligência positiva.

Este sujeito foi contratado pela Tecverde como parte do programa de implantação de meditação na empresa, o qual chamamos de Inteligência Positiva. Pra quem não conhece, vale fazer uma introdução.

A Tecverde é uma empresa de tecnologia para construção civil. Apesar de nos considerarmos super jovens, modernos, abertos, continuamos sendo engenheiros. Obviamente não passava pela cabeça de ninguém parar no meio da manhã para ficar de olhos fechados e achar que isso nos ajudaria de alguma forma. E como bons engenheiros, levantamos suspeitas já com o título do programa: Programa de Inteligência Positiva…

“Que porra é essa!? Lá vem algum maluco da diretoria, que deve ter usado algum tóxico pesado enquanto viajava por algum país budista, querer meter essa merda na nossa cabeça. Tô cheio de problemas pra resolver e agora mais essa palhaçada…” – Pensava o grupo.

Antes de eu explicar no que consiste o programa de inteligência positiva e de contar o fim desta história, se é que ela tem um fim, deixa eu fazer um parênteses e explicar como ela começou de verdade.

Na vida de um empreendedor é difícil achar um ano mais fácil que o outro. Seja na busca por mais sucesso ou no enfrentamento da crise, estamos sempre nos desafiando e nos levando ao limite.

Queremos mais, queremos o melhor, não queremos desapontar quem está conosco, não queremos fracassar

Queremos ser melhor que o concorrente, melhor do que nós mesmos, queremos evoluir. Outras vezes nós simplesmente estamos dispostos a tudo para manter a casa de pé. Não podemos ser fracos, não podemos deixar que enxerguem nossas fraquezas, não podemos deixar que anos de trabalho sejam levados por água abaixo.

Fora isso alguns ainda acumulam outros desafios pessoais: conjugais, de saúde, financeiros, psicológicos. Somos uma máquina treinada a não parar. E engraçado que, às vezes, parece que isso é o mais importante: não parar. As coisas dando certo ou errado.

Para mim, parecia que a vida tinha um fim. Só lá estaria satisfeito. E por muitos anos enxergava que uma vida feliz significava chegar em lugares cada vez mais distantes.

Hoje vejo que essa perspectiva não era só minha. Muitos empreendedores que conheço pensam assim.

Nós vivemos um estado extremo de ansiedade, nos preocupando muito com o fim e curtindo pouco a jornada.

Aos poucos, eu percebia que tinha alguma coisa errada, mas foi um processo longo de descoberta. Foi uma combinação de situações, conversas e reflexões que me trouxeram até aqui.

O ápice dessa crise veio há três anos. O stress chegou em um nível tão alarmante que meu corpo travou.

Eu tinha passado os últimos seis anos dando atenção à todo mundo, sendo parte de uma máquina de fazer, entregar, construir…E deixei de fazer a gestão de mim mesmo.

As coisas não estavam certas. Mas demorou um tempo para eu entender o que precisava fazer para transformar aquela rotina.

Certo dia, esperando meu voo em um aeroporto nos EUA, parei em uma livraria. Folheei alguns livros, passei pelas bancadas de best-sellers e encontrei um de capa amarela, chamado Positive Intelligence [Inteligência Positiva, em português]. Ele esclareceu, para mim, o que precisava ser mudado.

Naquela época, o mindfulness começava a se espalhar no Brasil. Mas meditação ainda parecia, para muita gente, coisa de bicho grilo.

O que mais gostei na abordagem de Shirzad Chamine é sua visão da meditação por uma perspectiva científica. Segundo a sua teoria, nós lidamos com sabotadores na nossa mente que impedem a manifestação completa de nossos talentos e habilidades. Sua mente pode te ajudar a superar os desafios sendo sua amiga ou te sabotar com pensamentos de insegurança, crítica, julgamento ou hipervigilância, por exemplo.

Como compensação ao seu estado de ansiedade, você pode se dedicar mais e mais ao trabalho, sem necessariamente ser mais produtivo, ou procrastinar uma decisão difícil, para evitar o conflito.

Ao liderar uma scale-up, em que o ritmo de trabalho é muito intenso, as chances desses sabotadores agirem são ainda maiores. O nível alto de ansiedade nos leva ao stress, frustração, competitividade e, como consequência, ao desequilíbrio.

Em momentos extremos, os sabotadores falam mais alto. O autoconhecimento te ajuda a entender isso


Meu insight lendo sobre essa teoria foi exatamente esse: preciso exercitar minha mente, como um músculo, para mudar minha forma de pensar. Sempre me achei um cara feliz, mas precisava parar de buscar a felicidade no fim e sim inseri-la durante a jornada. E isso começaria com uma disciplina diária para entender minha mente.

Com a ferramenta do livro, descobri quais eram meus principais sabotadores. Hoje, quando me sinto estressado, percebo que quero controlar ainda mais as coisas.

Preciso delegar mais. Essa consciência dos meus processos internos me ajuda a retomar o estado de equilíbrio, o que é fundamental para me tornar, a cada dia, o líder que a Tecverde precisa para chegar ao próximo patamar.

Além disso, o estado de presença proporcionado pela meditação faz nossos dias correrem em uma nova velocidade. Continuamos liderando uma empresa de alto crescimento, mas dando um novo significado à passagem do tempo.

A meditação é uma forma de musculação para estimular o lado positivo do seu cérebro.

Nesse sentido, uma rotina diária de meditação nos ajuda a exercitar o lado criativo, otimista e curioso da mente, nos guiando para a solução, compaixão e colaboração.

Tem um ditado que diz: se você não tem tempo para meditar 10 minutos por dia, você deveria meditar por 1 hora
Essa é uma prática fundamental para mim, especialmente nos momentos de crise. Parece fácil falar ao empreendedor que ele precisa cuidar mais de si, quando todos os problemas da empresa estão nas suas mãos. Mas é justamente nesse momento de desafio que ele precisa estar bem. E isso exige uma disciplina violenta.

Ninguém aprende a meditar no primeiro dia. Assim como ninguém fica musculoso na primeira semana de academia. O processo precisa se transformar em um hábito para que os próprios circuitos do seu cérebro formem novas sinapses voltadas para o lado positivo.

Eu vejo empreendedores que hoje já são muito bons, liderando grandes empresas, mas que poderiam ser ainda melhores com uma vida mais equilibrada. O estado de bem-estar nos leva à maior produtividade, capacidade de resolução de problemas – e o mais importante – à felicidade.

A descoberta individual se transformou em programa de desenvolvimento do time.

Agora continuando a história do Anderson…

Naquele mesmo ano em que descobri a meditação e a inteligência positiva, compartilhei essa metodologia com meus sócios. Nas nossas conversas, pensamos em expandir esses aprendizados para o time.

Foi assim que nos colocamos o seguinte desafio:

Será que conseguiríamos gerir a felicidade dos nossos colaboradores?

Nós sabemos que felicidade não é resultado de uma circunstância, mas sim um estado interno de serenidade. Se conseguíssemos ajudar as pessoas a alcançarem essa plenitude, por consequência, elas seriam mais produtivas, colaborativas e orientadas à solução.

No ano seguinte, nós contratamos o Anderson, que aplicou o teste de Shirzad Chamine em todo o time da Tecverde, identificando os sabotadores de cada um e o Quociente de Positividade, uma métrica que indica o quanto a mente tem facilidade em estimular seu lado positivo.

Um parênteses aqui: Anderson foi minuciosamente vestido por nós como engenheiro raiz e não como um guru. Não queríamos colocar a meditação como algo esotérico, religioso ou espiritual. Queríamos dar o máximo de objetividade ao tema, numa abordagem quase fisiológica… quase como convencer uma pessoa a escovar os dentes 40 anos atrás.

Nesse período, fizemos também um treinamento que se transformaram no programa de Meditação para Engenheiros da Tecverde. A evolução desse projeto nos levou a conectar o nível de felicidade das pessoas com a performance de cada um, desenhando um modelo de gestão voltado ao comportamento e ao estado mental e não somente às entregas individuais.

Nesse processo de transformação, passei também a enxergar o equilíbrio de outra maneira.

Hoje, vejo que o equilíbrio não está contido em um plano cartesiano, no qual podemos dividir nossas horas em partes iguais. Não significa dedicar 8 horas ao negócio, 8 ao lazer e à família e o restante para dormir.

Equilíbrio é o exercício de extrairmos a felicidade de cada hora do nosso dia
Posso gastar 20 minutos em uma refeição curta e extrair o máximo desse momento, percebendo a textura e o sabor, sendo grato por ter saúde e me alimentar. É assim que desenvolvemos uma visão apreciativa. E, quando você se dá conta, está meditando enquanto come.

Com essa visão de equilíbrio, o empreendedor pode gastar 14 horas do dia com seu negócio, mas estando presente mental e emocionalmente nessas 14 horas. Para que o tempo flua com algo que te faça feliz.

Assim, continuamos a trajetória exponencial que leva nossas empresas a serem cada dia mais relevantes para o mundo, sem que a ansiedade e o stress cresçam na mesma velocidade.

(Caio Bonato)
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